Não me perguntes o que mudou. Ou o que não mudou. Porque não saberia responder-te. É como se estivesse estado durante muito tempo dentro de um tanque de privação sensorial, onde perdi a noção dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias, das semanas e dos meses que passaram. Será que posso falar em anos?
Sinto que tenho tudo equilibrado, apesar de nunca me terem acusado de estar desequilibrada. Mas acredito que todos somos, por dentro, incluindo tu, como uma balança de mercearia antiga com aqueles pesos manuais, cabendo-nos encontrar o ponto médio.
E, surpresa: eu encontrei-o. Mas, como se pudesse ver a identificação minúscula dos pesos, consigo ver, num peso relativamente grande, o teu nome. Como é possível?
Pergunto-me, então, o que aconteceu depois de teres, acreditava eu, desaparecido.
Agora percebo. O teu peso perdeu massa, núcleo, peso, quilogramas. Ficaste só tu, ali, quieto, vazio. Sem nada meu, e eu sem nada teu. Mas continuas ali, na minha balança, inamovível.
Percebo que, quando há um espaço importante como o tu ocupas, só o poderemos voltar a utilizar quando arranjarmos outro "peso" que, no fim de contas, pese muito...mas que nunca incomode.
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