A verdadeira contagem decrescente começou. Sendo sincera, nunca pensei que chegasse tão rápido o momento de deixar de arrumar as coisas e pensar em mobília e peças de decoração para o apartamento. Havia momentos que dava por mim a pensar "bolas, falta um mês para me ir embora!" e o medo agarrava-se a mim deixando-me pouco ou nenhum espaço de manobra. Agora, a apenas oito dias de me ir embora, sinto uma ansiedade brutal. Um desejo de estar numa cidade em que ninguém me conhece, ninguém sabe quem eu sou, ninguém sabe qual é a minha banda preferida, a minha cor preferida, o meu maior pecado, o meu maior desejo, a minha vida pessoal...onde ninguém sabe sequer o meu nome.
Poderei ser a pessoa que me apetecer. A partir do dia 10 de Agosto vou poder ser outra pessoa, contar o que quiser do meu passado e determinar pelas minhas próprias mãos o meu futuro.
Isto deixa-me realmente ansiosa mas, mais que ansiedade de ir embora, estou ansiosa para deixar todas as pessoas de quem gosto e as que não gosto. Não estranhem, é mesmo verdade. Sinto que preciso de uma vez por todas, despedir-me de muitos de vocês. Na verdade, é nas despedidas que se diz, olhos nos olhos, o que sentimos. Depois disso, poderemos nunca mais nos cruzar se bem que neste caso conto pelos dedos de uma só mão os casos em que aposto que isso irá acontecer. Nos outros casos, é um momento para um abraço de até já e promessas de que será mesmo um até já. Na realidade, o que seria da minha vida sem a Andreia a demorar horas para se arranjar para sair, sem a Inês a refilar que eu me atraso para ir ter com ela, sem a Sara e as nossas conversas e saídas que só nós gostamos ou sem o Ruben e os seus abraços milagrosos, que resultam sempre num sorriso? Posso ficar uns tempos sem momentos destes, mas nunca viver sem eles.
E é disso que se faz uma vida: de conhecimentos, de apresentações, de rupturas, de despedidas...de sentimentos. Bons ou maus, fazem parte de nós. Cabe a nós recordá-los e vivermos com aqueles que queremos preservar.
Este primeiro semestre de 2010 traduziu-se numa mistura de acontecimentos que foram desde fortes desilusões (comigo própria e com outras pessoas) a amizades travadas com pessoas fabulosas mas, no fundo, estes meses de 2010 deram-me um grande estalo e fizeram-me perceber algumas coisas. Uma delas foi ter percebido que existe sempre algo a ser retirado das desilusões. Sempre. Uma lição, uma moral. E a minha desilusão de inicio do ano proporcionou-me momentos que guardo com um carinho enorme e uma nostalgia brutal: proporcionou-me tempo para mim, para ser louca ao ponto de ir sozinha a um concerto do David Fonseca e sair de lá com uma carrada de conhecidos que se tornaram grandes amigos; proporcionou-me redescobrir a amizade e ligações com pessoas que tinha deixado para trás; proporcionou-me uma panóplia de aventuras nas quais nunca me teria imaginado; proporcionou-me felicidade.
2010 fez-me perceber que depois da tempestade vem, realmente, a bonança. E meus caros, essa é a bonança que vou fazer valer em França.
Then you said, "Go slow, I fall behind", the second hand unwinds
If you're lost you can look and you will find me, time after time
If you fall I will catch you, I'll be waiting time after time
2 comentários:
Daqui fala precisamente o mesmo anónimo que te tentou aconselhar num post anterior teu , espero que estejas recordada Krystel .
A falta que uma deslocação destas me faria , principalmente numa altura como esta .
A verdade é que embora te possa importar primitivamente estar longe das pessoas a quem te sempre acostumaste a auxiliar, numa primeira instância só tens a ver esta ida para uma outra localidade como algo benéfico (tal como estas a ver) será benéfico acima de tudo para que deixes de conjugar a tua vida no pretérito perfeito e voltes a refazer a tua vida tirando mérito e conjugamento das memorias , és capaz disso e não tens de sofrer pelo passado mal passado que te esta a atormentar .
Desejo-te apenas boa sorte e tudo de bom, sim, porque és capaz de agarrar todas as hipóteses que a vida te vai dar , e vejo-te partir e é inevitável ficar com uma certa sanção , embora tenha falado pouquíssimo contigo (seja no blog seja pessoalmente) , sempre vi transposto em todos estes textos uma personalidade muito forte e muito condescende , espero que dignifiques isso seja em França , seja no teu regresso, e acima de tudo , tem confiança em ti mesma , não cries martírios pessimistas pela falta da mesma . Boa sorte , e não faltes a quem mais gostas , porque certamente na hora do teu regresso lá estarão eles para te receber : )
nunca fomos melhores amigos, amigos que dissemos é para sempre, nunca me vou esquecer de ti. simplesmente é uma amizade que foi andando com o tempo, e que teve o seu auge no 10/11/12 anos. não sei foram os mais rapidos ou mais lentos, mas foram os nossos para sobretudo conhecer-mo-nos muito melhor. no principio do ano, estive contigo quando precisaste, e dizia-te sempre: segue a tua vida. e cheguei a pensar que não ia conseguir, ou se conseguisses não era por muito tempo. afinal é que conseguiste, hoje és uma krystel muito mais vivida, mais feliz, até mais completa. e é essa krys que juro-te que não vou esquecer. por tudo, e quando digo tudo é tudo mesmo, na escola, na vida, nas aulas de educação fisica -.-, e mais uma catrefada de outras coisas muito, mas muito obrigado. houve dias em que fez-me bem ouvir uns verdades da tua boca.
vai e não voltes que não gosto mais de ti ahah vá, já chega. je t'adore mon petit française (tá bem escrito?xD)
como todo o carinho, Daniel Anacleto
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