segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Escolher os sonhos seria total perda de tempo


Escolher os sonhos seria total perda de tempo, dizes-me.
Sei que estou a sonhar e que a tua conversa de escolha dos sonhos não passa de um sonho, mas mesmo assim ouço-te como sempre o fiz.
O teu sorriso e o teu sarcasmo estão perfeitamente bem representados nesse teu corpo bem real. Desde que me cruzei contigo, conheci o teu poder de tornar a minha realidade num sonho e agora que já não te conheço, reconheço-te nessa faceta de mágico de sonhos.
Quando sonho contigo os sonhos são diferentes. Acordo com o cheiro do teu perfume entranhado nas minhas narinas e a tua imagem desvanecesse à medida que abro os olhos. Acompanhas-me durante o sono e durante os primeiros segundos do despertar.
Isto é cruel, digo-te.
E tu sabes-o e sorris. Sorris com esse sorriso de sabichão e sabe-tudo. Sorriso que me irrita. Sorriso que me desfaz em mil moléculas.
Explico-te em mil e uma palavras o quão cruel é apareceres-me nos sonhos quando saíste da minha realidade. É injusto só puder bater numa imagem irreal, é injusto não poder abraçar algo real.
Tu própria te expulsaste da nossa realidade, dizes-me.
Esse sorriso de sabichão e sabe-tudo. Não! Não me vou perder na que outrora fui, naquela que tinha argumentos mas não queria exprimi-los para te deixar com esse sorriso de sabichão e sabe-tudo.
Quando consigo entrar na zona de segurança, na zona que me protege da atracção que tu, fora da tua imagem e visual descuidado, exerce sobre mim, percebo o porquê de me apareceres aqui.
Durante a realidade, o quotidiano, a ocupação do dia-a-dia, as nossas realidades, pensamentos, comentários, olhares e corpos nunca se cruzam. Nunca ouço o teu nome, nunca ouves o meu; nunca sinto o teu cheiro (a menos que, perdida no delírio feminino, entre numa perfumaria e passe - sem querer - perto da prateleira que tem o teu perfume), nunca sentes o meu (será que ainda te lembras dele?); nunca me lembro da tua imagem, nunca te lembras da minha.
Sobra-nos o sono. O sono em que, longe de tudo e da nossa nova realidade, nos cruzamos e dizemos e sentimos o que queremos sem provocações e palavras desnecessárias. No nosso sonho (aqui, o nosso), sentimos-nos nós - de novo.
Cruel acordar a ver a tua imagem desvanecer e perceber que o teu regresso não tem data marcada. Cruel quando abraço a nova realidade e percebo que parte de mim ainda te pertence.

1 comentário:

Anónimo disse...

<3 a tua escrita é deliciosa minha querida Krystel...este blog é um livro, com muitas das mais belas crónicas que eu já li!

Esta está muito muito bonita :) não me canso de ler este blog...é uma inspiração!

Beijo muito grande!
Joana